O cisco e a trave

Uma passagem da bíblia que vem ditando meu comportamento, é o ensinamento de Jesus sobre a autocrítica. No sermão da montanha, ao tratar da hipocrisia religiosa que existia em sua época, Jesus usou como exemplo o cisco e a trave (Lc 6.42). O sentido filosófico é muito bem conhecido, ou seja, quando nos propomos a julgar alguém por seu comportamento, devemos ser tão ou mais criteriosos com nós mesmos.

Confesso a vocês que não vejo muito isso no nosso dia-a-dia. O que percebo na verdade, em muitos momentos, são comentários cruéis sobre o comportamento desta ou daquela pessoa e isso me incomoda muito. Não que eu mesmo não cometa esse erro, mas tento, a todo o custo, evitá-lo.

Eu possuo um gatilho que é acionado automaticamente quando uma conversa, seja ela sobre quem for, começa a tomar ar de críticas. Não que eu não ache que não possamos, ou não tenhamos o "direito" de criticar as pessoas ou as "coisas", não é isso. O que estou compartilhando é uma daquelas coisas que fazem parte de você, da sua verdade. Eu sou simplesmente assim e isso acaba ditando minha forma de viver, minha conduta e minhas ações.

Poucas coisas são tão verdadeiras na minha vida como isso. Ao me deparar com o trabalho ou atitude de alguém, eu começo a fazer algumas perguntas e algumas reflexões. A primeira é, ele teve a iniciativa de fazer e eu não, portanto, no mínimo ele merece o respeito por sua iniciativa. Em segundo lugar, se não saiu tão bem, o que poderia ter feito para que tivesse dado certo, ou seja, esse resultado não tão bom não é culpa de minha negligência ou omissão? Outra pergunta que sempre me faço nessas situações é, se eu poderia ou sei fazer melhor porque então não fiz? 

Quando observo pessoas mais jovens (ou não) que eu cometendo erros por causa de sua ansiedade, precipitação, a primeira coisa que me vem à mente são os inúmeros erros que cometi por causa da minha ansiedade, da minha precipitação, e os que cometi por não ter a capacidade de ficar simplesmente de boca fechada ou mesmo, e em muitos casos, ter contado até 10 ou 100 ou, muitas vezes, até 10.000.

Eu costumo ser muito rígido comigo (hoje um pouco menos). Mas não consigo medir as pessoas com o rigor da hipocrisia, sem olhar para mim mesmo e para todos os equívocos que cometi ao longo da minha vida.

No final de tudo isso, se algo parece realmente repreensível e não está bom, tento fazer melhor e não simplesmente criticar.

Assim sou eu.

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